segunda-feira, 30 de março de 2009

Escola Tellechea: Para Refletir...

Escola Tellechea: Para Refletir...

Disgrafia

(Thaís Ferreira)

Quando a letra feia é um problema?

Uma caligrafia ilegível e fora do padrão pode ser sinal de problemas emocionais e disgrafia, um distúrbio no desenvolvimento do cérebro .

Mais do que um simples "garrancho", a disgrafia é um problema que exige tratamento motor e ou psicológico. Quem nunca tomou uma bronca da professora exigindo uma letra mais bonita no caderno da escola? Letra feia faz parte do processo de aprendizagem da escrita. E ninguém consegue escrever bonito logo no começo. Mas quando a letra continua ilegível e muito diferente do padrão mesmo depois da alfabetização, pode ser sinal de que algo não está bem no sistema motor ou no comportamento da criança. Disgrafia é o nome dado à dificuldade de escrever de forma clara e legível. Não chega a ser uma doença, mas precisa de tratamento psicológico e treinos motores para que seja superada. Para que seja considerada de fato um problema, as letras têm que ser mais do que "garranchos": além de ilegível, a grafia tem traços irregulares (alterna traços fortes ou leves e tamanhos), omissão de letras, movimentos contrários à escrita e ligação inadequada entre letras – ou muito distantes ou muito grudadas. Quem tem disgrafia costuma segurar o lápis de forma inadequada – o que dificulta ainda mais a escrita – não consegue escrever num mesmo nível, mesmo que a folha tenha linhas, e, nesse caso, pode ser que linhas sejam puladas sem critérios. Também é comum a quem tem disgrafia a demora para escrever. E foi justamente essa demora que fez o paulista Raphael Ozanich Perez, de 14 anos, saber que era disgráfico. Ele está na nona série e, com o aumento de conteúdo e a necessidade de mais agilidade nas tarefas, percebeu que havia algo errado. “Nas tarefas em sala de aula, quando eu fazia rápido, minha letra ficava muito feia e não dava para ler. Se eu fazia com calma para ficar legível, não dava tempo de terminar”, afirma Raphael.

O disgráfico tem dificuldade de segurar o lápis da maneira correta e de escrever frases alinhadas. Com tratamento adequado, pode conquistar uma letra melhor em seis meses e resolver os possíveis problemas escolares. Os motivos da disgrafia podem ser motores, psicológicos e até oftalmológicos. Este acontece quando a criança não distingue bem as letras para copiá-las. No caso das causas psicológicas, segundo a fonoaudióloga Raquel Caruso, se uma criança enfrenta problemas com a família ou os colegas, pode refleti-los na letra. Raquel tem especialização em psicomotricidade, área que cuida de disgrafia. “Letra muito pequena e clara pode significar que a criança tem vergonha de mostrar o que está escrito. Lápis muito pressionado no papel pode mostrar tensão”, diz. Outra fonoaudióloga, Abigail Muniz Caraciki, também ressalta que fatores emocionais interferem no nosso corpo. “Uma pessoa com problema psicológico é instável e seu corpo responde de forma instável também. Ela terá uma postura errada e sua letra sairá letra errada. A letra é nosso corpo: projetamos no grafismo nossos sentimentos corporais”, diz. “Disgrafia motriz” é o nome dado quando problemas são decorrentes da falta de coordenação motora causada pela imaturidade do sistemas nervosos central e periférico, que atrasa a aquisição de habilidades como escrever, desenhar, segurar talheres e até manter o equilíbrio. Quando uma criança tem esse tipo de imaturidade, pode apresentar dificuldades para chutar uma bola, pular num pé só, amarrar cadarços e abotoar botões antes da alfabetização. “Às vezes, os pais dizem que a criança é desajeitada ou desengonçada”, diz Maria José Gugelmin de Camargo, professora da Universidade Tuiuti do Paraná e especialista em psicomotricidade e psicopedagogia. Quando começa a aprender a escrever, a questão motora afeta também a grafia. Por isso é importante prestar atenção em crianças com dificuldades motoras. Ainda que a imaturidade do sistema nervoso possa ser resolvida com o tempo, tentar acelerar esse desenvolvimento é uma opção para evitar problemas às crianças. “A escola exige da criança uma letra legível. A repreensão de uma professora pode acarretar problemas psicológicos para o aluno, que se sente atrasado em relação aos outros, incompreendido e não consegue se expressar pelas palavras”, afirma Abigail. Raphael sabe que escrever de forma diferente pode ser um problema entre os alunos. Sua mãe, Rosely Ozanich, conta que quando ele tinha oito anos chegou a ser discriminado pelos colegas de classe porque não segurava o lápis da mesma maneira que os outros. “Os colegas diziam que Raphael era deficiente físico e ele se sentia diferente”.
Mesmo com a letra ilegível, Raphael nunca tirou notas baixas ou ficou de recuperação e isso é normal entre os disgráficos. A disgrafia não está ligada à capacidade intelectual e pode ocorrer em crianças com boas notas e facilidade de se expressar com a fala. “São crianças que conhecem as letras, mas não conseguem planejar os movimentos da mão, punho e dedos necessários para o traçado da letra”, diz Maria José. Mesmo assim, a disgrafia pode gerar problemas na vida escolar. Se a professora não consegue ler, pode dar uma nota mais baixa ou o aluno pode ter problemas para desenvolver tarefas, como acontecia com Raphael. É por isso que, mesmo que a letra seja feia e as notas bonitas, é importante tratar o problema.
Há um teste específico que os profissionais da área aplicam para detectar a disgrafia e a segunda etapa é encaminhar o paciente para o tratamento adequado: psicológico, fonoaudiólogo ou com psicomotricista. O tratamento visa a uma reeducação da escrita e usa atividades manuais, com escultura em argila, pinturas, desenhos e até atividades culinárias. Pode durar de um a três anos, mas, segundo a psicopedagoga Maria José, em seis ou oito meses, a letra se torna legível, melhorando a relação do aluno com a escola.

Meu único amor


Hoje falei em nós!
Nossas taças quebradas a cada romper de ano...
Nossas caminhadas pelo infinito a procura de aventura...
Nossas noites perdidas nas ruas da vida...
Nosso momento eterno...
Nossa vida incompreendida...
Nosso amor invejado...

Hoje pensei em nós!
Nossos medos...
Nossas verdades....
Nossos enganos...
Nossas brigas...
Nossas reconciliações mágicas...
Nossas promessas de amor....


Hoje senti...
Saudade do nosso momento
Saudade do nosso olhar...
Saudade do nosso tempo...
Saudade dos nossos segredos....
Saudades da nossa filha!

Hoje, apenas, recordo de uma vida completa...
Uma vida feliz...
Uma vida louca....
Uma vida de prazeres e dores...
Uma vida, de só amor!

Hoje sei...
Que muitos anos vivemos juntos...
Muitos mais separados....
Mas que em nosso coração e mente...
Não somos mais dois, apenas um par de amantes.




passou....


A noite caiu, a brisa trouxe um cheiro agradável de saudade. Uma música, um pensamento perdido nessa ausência que se torna companheira da inconstância. Sinto tua falta, sinto vontade de tocar teus lábios num beijo suave como o roubo de um suspiro de paz. Desejo que teu sono seja suave e tranquilo enquanto o dia não traz a turbulência de um novo amanhecer.

Viva


Era um dia quente. O ônibus estava repleto de pessoas. Algumas levavam sacolas, pacotes.
Outras seguravam bebês ao colo, enquanto outras mais procuravam acalmar as crianças inquietas, que tentavam atrapalhar a tranqüilidade de passageiros sisudos.
Fazia calor. Senhoras conversavam, dizendo das dificuldades de suas vidas, os problemas com os filhos, a falta de dinheiro, o desemprego do marido.
Jovens falavam em tom animado da festa projetada para o final de semana.
Um cenário comum. Todos os dias, as cenas eram mais ou menos semelhantes.
Que se pode esperar de momentos assim, tão comuns?
Mas, enquanto o ônibus ia sacolejando ao longo da estrada, num dos bancos havia um velhinho magricela segurando, com todo cuidado, um ramo de flores.
Eram flores lindas, frescas ainda. Deviam ter sido colhidas em um jardim muito bem cuidado, no alvorecer, beijadas pelo orvalho.
Do outro lado do corredor, uma garota não desviava os olhos das flores.
Eram lindas, exuberantes.
Então, chegou a hora do homem saltar do ônibus. Ele se levantou, caminhou em direção à porta.
Quando passou pela jovem, em um rompante, lhe ofereceu as flores.
Posso ver que você adorou as flores. – ele explicou.
Acho que minha esposa iria gostar de que ficasse com elas. Vou dizer para ela que dei as flores para você.
A garota aceitou o buquê, com um sorriso tímido, e nem teve tempo de agradecer.
O homem desceu do ônibus. Então, ela o viu atravessar a rua e adentrar os portões de um pequeno cemitério.

* * *

Para os que amam, a vida não se interrompe quando o corpo do amado desce ao túmulo.
Os que amam têm certeza de que o amor não morre nunca e continuam a levar em frente as suas vidas.
Naturalmente, com uma pequena ponta de tristeza, pela ausência física do ser amado. Mas, sempre em frente.
A cada dia, oferecem àquele que se foi o melhor de si.
Lembram os dias de felicidade, os passeios, os risos, as viagens.
Oferecem flores que, necessariamente não precisam ser depositadas sobre o túmulo. Podem ser dispostas num vaso, em casa, e ofertadas.
Ou mesmo, deixadas nos ramos, colorindo o jardim, bastando que se diga:
Amor, vê como estão lindas as rosas? Continuo a cuidar delas.
Em algum momento, quando lhe for possível, quando o Senhor dos Céus lhe permitir vir me visitar, você encontrará o jardim como você gostava: cheio de flores, perfumado.
Também cuido dos gerânios. Não esqueço de aguar as samambaias.
Um dia, quando o tempo esgotar a contagem das minhas horas na Terra, espero poder ir ao seu encontro.
Até lá, receba as flores das minhas lembranças. E as do nosso jardim.
Tenho certeza de que você não se importará que eu colha vez ou outra, algumas margaridas para ofertar aos vizinhos, aos amigos.
Como eu, eles não a esquecem.
Até breve, meu amor!

* * *

Pense nisso e, mesmo que sinta o coração faltando um pedaço pela dor da separação pela morte, viva!
Viva intensamente porque quem o ama deseja que você seja feliz, hoje, amanhã e depois... Até o reencontro.

Indecifrável



Como encontrar a liberdade se o amor me traz em correntes? Como ser livre se a vida me mantém encarcerada ao que deixo de sentir a cada instante? Como procurar um caminho se apenas encontro esquinas no meu viver? Cada momento, cada troca, cada dia, cada noite, cada vida e cada morte trazem o gosto do fel, da tristeza que nunca finda, da saudade que não sei o nome. Sou refém do meu passado, me aprisiono no presente, me cancelo aos olhos do mundo. Espio em cada curva, em cada esquina para encontrar uma saída, um rumo. No amanhecer busco a luz da paz. No anoitecer busco a turbulência do silêncio. Na vida, tento encontrar o fim do sofrimento. E em cada morte da esperança tento me encontrar na reencarnação da esperança. Acabo com minha liberdade no instante no instante que teu amor me cega e amaldiçoa. Findo em correntes de paixão e delírio quando esqueço de mim e deixo que você me libertar.

ostra humana



Dentro do nosso ser alimentamos pequenos grãos de conhecimento e experiência. Tratamos com carinho e sabedoria. Cultivamos nossas iras, nossos amores, nossa ilusões e desilusões, nossas esperanças, nossa fé, nossa liberdade e nosso futuro.
Fechamos nossos sonhos no desejo de um fruto carregado de brilho e valor.
Ficamos escondidos do mundo, da mão inimiga que insulta nossa expectativa de vida, nosso trabalho.
Ocultamos o tempo de nossa vista para que não subjugue nosso desejo interior de vitória e êxtase.
Assim, correm as águas da vida, nos embalando ao som da alegria de viver ou da incerteza do que está por vir.
Um dia, sem esperar, vem a mão que nos desnuda, nos enfrenta e abre nosso interior a explorar fundo nossa mais íntima riqueza : quem somos. E descobre, que por trás de uma aparência repugnante, possuímos uma jóia, brilhante e magnífica: nossa verdadeira vida.