"Dificil não é lutar por aquilo que se quer, e sim desistir daquilo que se mais ama. Eu desisti. Mas não pense que foi por não ter coragem de lutar, e sim por não ter mais condições de sofrer" (Bob Marley)
"As Vezes construímos sonhos em cima de grandes pessoas... O tempo passa... e descobrimos que grandes mesmo eram os sonhos e as pessoas pequenas demais para torná-los reais!" (Bob Marley)
"Vocês riem de mim por eu ser diferente, e eu rio de vocês por serem todos iguais" (Bob Marley)
"Não viva para que a sua presença seja notada, mas para que a sua falta seja sentida..." (Bob Marley)
"Não ligo que me olhem da cabeça aos pés..porque nunca farão minha cabeça e nunca chegarão aos meus pés" (Bob Marley)
Atenção: tem café na sua água. Café e mais: resíduos de colesterol, hormônios sexuais, produtos industriais e uma infinidade de substâncias microscópicas que passam pelo sistema de tratamento das cidades brasileiras. Isso não quer dizer que a água seja imprópria para o consumo. Segundo todos os padrões internacionais de potabilidade, a água que chega às torneiras dos brasileiros é limpa e está pronta para beber. O problema é que, até hoje, a Organização Mundial de Saúde (OMS) não avaliou os riscos para a saúde desses resíduos.
O alerta sobre a presença desses compostos vem de cientistas no Brasil e no exterior e tem sido feito há cerca de dez anos. As companhias de saneamento, no entanto, afirmam que não podem fazer nada enquanto não existir uma legislação sobre o assunto. Essas empresas seguem recomendações do Ministério da Saúde, que, por sua vez, segue as orientações da Organização Mundial de Saúde.
Os pesquisadores da OMS ainda estão investigando o assunto. Segundo a assessoria de imprensa do órgão em Brasília, não existem informações sobre o tema no Brasil. Por enquanto nem ao menos se sabe se essas substâncias fazem ou não mal à saúde e em que concentrações poderia morar o perigo.
Entenda
Toda vez que você toma uma medicação, parte dela é absorvida pelo seu organismo e parte é expelida, através da urina e das fezes. Isso não desaparece magicamente no ar. Vai até o sistema de esgoto, passa pelo tratamento e é liberado no ambiente. Depois, é capturado novamente pelo sistema de tratamento de água, passa por tudo e volta para a torneira da sua casa. Ou seja, parte (uma parte muito reduzida, é claro) do remédio para dor de cabeça que você tomou hoje pode voltar para sua torneira daqui alguns dias.
É preciso explicar que estamos falando de uma parte muito reduzida, mas muito reduzida mesmo, do remédio, café e afins. “Estamos falando de uma concentração muito pequena”, explica o professor Ivanildo Hespanhol, diretor do Centro Internacional de Referência em Reúso de Água (Cirra) da Universidade de São Paulo (USP). Mas não faz mal? Aí é que fica a interrogação.
É uma concentração muito pequena, mas que está aumentando ano a ano, graças ao crescimento da população brasileira. E enquanto a Organização Mundial de Saúde não tiver o que os cientistas chamam de “padrão de potabilidade de fármacos” – ou seja, uma definição do que seria considerada uma quantidade segura de remédios na água – as companhias não sabem como agir.
A companhia do Rio Grande do Sul, Corsan, diz que não tem dados sobre o assunto, mas que está se preparando para mudanças futuras na legislação. "Não estamos alheios à possibilidade de presença destes na água e seguimos nos equipando para, em breve, desenvolvermos tecnologia para efetuar estas determinações", afirma o engenheiro da empresa, Ivan Lautert Oliveira.
A preocupação dos pesquisadores é maior quando falamos dos hormônios. Por exemplo, aqueles que existem em comprimidos anticoncepcionais, que são expelidos pelo organismo de mulheres e liberados na água todos os dias.
Os hormônios que bebemos não são reconhecidos como “inimigos” pelo nosso organismo. Na verdade, ele acredita que as substâncias têm todo o direito de estarem ali. O excesso atrapalha o funcionamento de todo o corpo, podendo levar a problemas de fertilidade tanto em homens quanto em mulheres. Além disso, o excesso do hormônio feminino estrogênio, comum em muitos tratamentos médicos e contraceptivos, está ligado a um risco maior de desenvolvimento de alguns tipos de câncer, como o de mama.
Tratamento
Se a má notícia é que não se sabe o quanto é preciso baixar o nível desses fármacos, a boa é que quando se souber, já será possível retirá-los da água. De acordo com Sampaio, da Sabesp, o primeiro passo para reduzir essa contaminação é melhorar o tratamento de água e esgoto que já está em operação. O professor Wilson Jardim, concorda. “A curto prazo devemos atualizar a tecnologia das estações de tratamento para limpar da melhor maneira possível o esgoto bruto que recebemos, e, assim, reduzir ao máximo a presença dessas substâncias”, afirma o cientista.
Para retirar os hormônios, os remédios e outros compostos orgânicos da água, a saída seria o uso de carvão ativado. “Nós temos a tecnologia e as companhias de saneamento precisam começar a aplicar”, afirma Hespanhol.
Fósforo
Se os fármacos assustam na água tratada, na água não-tratada o inimigo é o fósforo. Essa substância é um contaminante importante que é liberado no sistema de esgoto pelas fezes humanas. Uma vez na água, ele age como um “supernutriente” para microorganismos e algas na água. Não é a toa que o fósforo é um dos componentes dos fertilizantes agrícolas. “Sol, calor, luz e fósforo é o paraíso das algas”, explica Américo Sampaio.
O que sobra após o tratamento do esgoto é liberado nas águas. Se ocorrer em excesso, as algas se multiplicam perigosamente, entupindo canos nas represas e, no caso das algas chamadas de “cianofíceas”, que são tóxicas, colocando em risco a saúde humana.
A lei brasileira exige que as companhias de saneamento monitorem o nível de fósforo em todas as suas represas e rios. Mas embora existam métodos para retirar essa substância da água, as companhias de saneamento do país não os utilizam. “O Brasil faz apenas as etapas primária e secundária de tratamento de esgoto, que retiram o lixo sólido e as partículas solúveis [respectivamente]. A etapa terciária, que elimina o fósforo, praticamente não existe”, explica Iara Chao, que trabalha na Sabesp e desenvolveu uma nova forma de retirar essa substância da água, em seu mestrado feito na Universidade de São Paulo.
Nessa nova técnica, a cientista usa o lodo que é acumulado e jogado fora após o tratamento de esgoto. Esse lodo é rico em sulfato de alumínio, que reage com o fósforo e permite que ele seja retirado. “É um resíduo que é liberado no meio ambiente e que pode ajudar a eliminar o fósforo nas represas. Com esse método, a gente resolve dois problemas: remove o fósforo e recicla o lodo”, afirma Chao.